Carta ao leitor.
Uma nova fase?
Se você que lê este texto acompanha a Zingu!, sabe que o grande amigo Matheus Trunk deixou a editoria depois de dois anos e meio no comando da Zingu! Desde o começo, quando o Matheus teve a idéia de criar uma publicação, ainda sem formato definido, estive envolvido no processo. Comecei com as mesmas funções que mantive até abril de 2009: redator e editor do site. Sempre houve abertura para temas e tópicos de dossiês, especiais, colunas e convites de novos redatores. No ano passado, inclusive, cheguei a produzir dois dossiês, dos quais tenho muito orgulho: o do Guilherme de Almeida Prado e o do José Mojica Marins. Creio que esse tempo e as oportunidades conseguidas ao longo desses dois anos e meio na revista me deram motivos e conhecimento básicos para continuar a empreitada pelo cinema brasileiro, em especial o paulista, para qual o amigo Matheus Trunk tanto lutou – e não é à toa, que mesmo não estando mais ligado à editoria, continua nos apoiando e fazendo parte do corpo de redação, sem o qual não seríamos mais o mesmo.
A equipe também aumentou. É com muita felicidade que podemos anunciar oficialmente a participação efetiva de Adilson Marcelino, que após inúmeras colaborações, entrou para o time fixo, com uma coluna que objetiva prosseguir os trabalhos feitos nos Dossiês Grandes Musas da Boca. A coluna de Adilson, Inventário Grandes Musas da Boca, trará a cada mês uma musa da Boca ainda não comentada, buscando continuar o mapeamento. Não é para menos que chamamos o grande Adilson para a revista, profundo conhecedor, é o editor do site Mulheres do Cinema Brasileiro. Outros dois nomes juntaram-se a nós: João Pires Neto, colaborador do site Boca do Inferno, e Vlademir Lazo Corrêa, do blog O Olhar Implícito . Mesmo não assinando colunas, ambos já começaram dando uma boa força nos dossiês e prometem bastante para esses novos tempos deZingu! (que não são tão diferentes assim). João Pires fez praticamente sozinho a parte sobre Petter Baiestorf, além de ter colaborado com resenha do filme de Felipe M. Guerra. Vlademir entrou mais tardiamente, e ainda assim colaborou com resenha de filme de Rodrigo Aragão e de O Exército do Extermínio, de George A. Romero, vinculando a estética ao tema do dossiê.
A equipe também aumentou. É com muita felicidade que podemos anunciar oficialmente a participação efetiva de Adilson Marcelino, que após inúmeras colaborações, entrou para o time fixo, com uma coluna que objetiva prosseguir os trabalhos feitos nos Dossiês Grandes Musas da Boca. A coluna de Adilson, Inventário Grandes Musas da Boca, trará a cada mês uma musa da Boca ainda não comentada, buscando continuar o mapeamento. Não é para menos que chamamos o grande Adilson para a revista, profundo conhecedor, é o editor do site Mulheres do Cinema Brasileiro. Outros dois nomes juntaram-se a nós: João Pires Neto, colaborador do site Boca do Inferno, e Vlademir Lazo Corrêa, do blog O Olhar Implícito . Mesmo não assinando colunas, ambos já começaram dando uma boa força nos dossiês e prometem bastante para esses novos tempos deZingu! (que não são tão diferentes assim). João Pires fez praticamente sozinho a parte sobre Petter Baiestorf, além de ter colaborado com resenha do filme de Felipe M. Guerra. Vlademir entrou mais tardiamente, e ainda assim colaborou com resenha de filme de Rodrigo Aragão e de O Exército do Extermínio, de George A. Romero, vinculando a estética ao tema do dossiê.
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A Zingu! sempre apoiou os cineastas independentes, que não fazem cinema à custa do governo, como era nos saudosos tempos de Boca do Lixo. Para isso, aproveitando os novos estudos a respeito, trazemos o primeiro dossiê sobre o chamado Cinema de Bordas. Poucos sabem o que é isso – e em sua totalidade é algo um tanto complexo. São filmes independentes, de baixíssimos orçamentos, feito, muitas vezes, com amadorismo, seja da produção (pela questão financeira), seja do cineasta, seja dos atores, ou de tudo isso combinado. São filmes ficcionais fora do circuito (não conseguem penetrá-lo), que se utilizam de referências do cinema de gêneros para criar um produto próprio, porém que deriva muito de outro filmes, quase reprodutivos – um aspecto trash, por assim dizer. Alguns o fazem por noção: como não têm dinheiro, resolvem avacalhar e brincar com os estereótipos tradicionais de linguagem (caso de Petter Baiestorf e Felipe M. Guerra, tratados nesse dossiê, e outros tantos que talvez não sejam perfilados, mas que merecem destaque, como o Joel Caetano, o Semi Salomão, o Lucas Moreira, entre tantos outros). Há também aqueles que fazem um cinema muito artesanal, que aparentemente possuem erros graves na gramática do cinema, ou que não se incomodam com esses erros – percebem-no e ignoram-no. São cineastas apaixonados pela arte, mas que nunca tiveram uma formação acadêmica ou profissional na área. São lavradores, camelôs, estivadores, pedreiros, trabalhadores braçais, que “chupam”, como diz a Professora Bernadette Lyra, pesquisadora do assunto, do cinemão e dos antigos seriados sua estrutura (caso do falecido Affonso Braza, de Simião Martiniano, de José Manoel, de Manoel Loreno – Seu Manoelzinho, de Francisco Abreu Caldas Jr, entre outros). Para esse dossiê, o primeiro, pegamos três cineastas diretamente ligados ao gênero de horror, que abusam e usam do sangue e da narrativa do gênero.
A importância de compreender esse cinema parece-me inevitável. Mesmo com o baixíssimo orçamento, os produtos são muitas vezes superiores a quase tudo que a trupe de Daniel Filho e outros globais fazem, ou mesmo a alguns diretores prolíficos na onda das leis de incentivo. Peguemos o filme Mangue Negro, de Rodrigo Aragão, que está no dossiê desse mês. O filme custou R$ 50 mil, sem um incentivo do governo. É um filmaço de zumbis, com produção impecável – a qualidade técnica do filme é impressionante, com destaque para a maquiagem e os efeitos especiais -, e, além de tudo, traz uma importante mensagem ambiental como pano de fundo, muito mais eficaz que aquela bobagem do Al Gore, Uma Verdade Inconveniente. Mesmo assim, Aragão não consegue distribuir o filme. O mercado se fecha a grandes possibilidades – um filme que não deve nada a produções estrangeiras do gênero (e que o consagraram), com um custo baixíssimo. É um cinema que poderia voltar a ser popular, pois o investimento é baixo. Outro exemplo é Canibais & Solidão, de Felipe M. Guerra: o custo de R$ 600,00 mostra que se faz cinema de qualidade com pouco dinheiro e grande apelo comercial, que só não está preparado para ir ao grandes cinemas pois o equipamento amador não sobrevive no anseio pelo realismo dos efeitos especiais de filmes como O Senhor dos Anéis e O Curioso Caso de Benjamin Button – do dossiê, só excluo os filmes de Petter Baiestorf nesse quesito, pois seus filmes estão longe do cinema comercial que se prega no Brasil, seus filmes são libelos da extravagância contra um moralismo: é underground e assim quer permanecer.
Por um cinema independente e libertário!
Gabriel Carneiro
(novo) Editor-chefe da Zingu!
A Zingu! sempre apoiou os cineastas independentes, que não fazem cinema à custa do governo, como era nos saudosos tempos de Boca do Lixo. Para isso, aproveitando os novos estudos a respeito, trazemos o primeiro dossiê sobre o chamado Cinema de Bordas. Poucos sabem o que é isso – e em sua totalidade é algo um tanto complexo. São filmes independentes, de baixíssimos orçamentos, feito, muitas vezes, com amadorismo, seja da produção (pela questão financeira), seja do cineasta, seja dos atores, ou de tudo isso combinado. São filmes ficcionais fora do circuito (não conseguem penetrá-lo), que se utilizam de referências do cinema de gêneros para criar um produto próprio, porém que deriva muito de outro filmes, quase reprodutivos – um aspecto trash, por assim dizer. Alguns o fazem por noção: como não têm dinheiro, resolvem avacalhar e brincar com os estereótipos tradicionais de linguagem (caso de Petter Baiestorf e Felipe M. Guerra, tratados nesse dossiê, e outros tantos que talvez não sejam perfilados, mas que merecem destaque, como o Joel Caetano, o Semi Salomão, o Lucas Moreira, entre tantos outros). Há também aqueles que fazem um cinema muito artesanal, que aparentemente possuem erros graves na gramática do cinema, ou que não se incomodam com esses erros – percebem-no e ignoram-no. São cineastas apaixonados pela arte, mas que nunca tiveram uma formação acadêmica ou profissional na área. São lavradores, camelôs, estivadores, pedreiros, trabalhadores braçais, que “chupam”, como diz a Professora Bernadette Lyra, pesquisadora do assunto, do cinemão e dos antigos seriados sua estrutura (caso do falecido Affonso Braza, de Simião Martiniano, de José Manoel, de Manoel Loreno – Seu Manoelzinho, de Francisco Abreu Caldas Jr, entre outros). Para esse dossiê, o primeiro, pegamos três cineastas diretamente ligados ao gênero de horror, que abusam e usam do sangue e da narrativa do gênero.
A importância de compreender esse cinema parece-me inevitável. Mesmo com o baixíssimo orçamento, os produtos são muitas vezes superiores a quase tudo que a trupe de Daniel Filho e outros globais fazem, ou mesmo a alguns diretores prolíficos na onda das leis de incentivo. Peguemos o filme Mangue Negro, de Rodrigo Aragão, que está no dossiê desse mês. O filme custou R$ 50 mil, sem um incentivo do governo. É um filmaço de zumbis, com produção impecável – a qualidade técnica do filme é impressionante, com destaque para a maquiagem e os efeitos especiais -, e, além de tudo, traz uma importante mensagem ambiental como pano de fundo, muito mais eficaz que aquela bobagem do Al Gore, Uma Verdade Inconveniente. Mesmo assim, Aragão não consegue distribuir o filme. O mercado se fecha a grandes possibilidades – um filme que não deve nada a produções estrangeiras do gênero (e que o consagraram), com um custo baixíssimo. É um cinema que poderia voltar a ser popular, pois o investimento é baixo. Outro exemplo é Canibais & Solidão, de Felipe M. Guerra: o custo de R$ 600,00 mostra que se faz cinema de qualidade com pouco dinheiro e grande apelo comercial, que só não está preparado para ir ao grandes cinemas pois o equipamento amador não sobrevive no anseio pelo realismo dos efeitos especiais de filmes como O Senhor dos Anéis e O Curioso Caso de Benjamin Button – do dossiê, só excluo os filmes de Petter Baiestorf nesse quesito, pois seus filmes estão longe do cinema comercial que se prega no Brasil, seus filmes são libelos da extravagância contra um moralismo: é underground e assim quer permanecer.
Por um cinema independente e libertário!
Gabriel Carneiro
(novo) Editor-chefe da Zingu!